terça-feira, 6 de julho de 2010

Documentários como documentos da verdade

O primeiro filme com caráter documental tem como criador o francês Louis Lumière, em 1895. Era um filme com apenas um plano e duração de 50" - "Chegada de um trem à estação". Na sua primeira exibição, as poucas pessoas que estavam na plateia chegaram a se assustar achando que o trem era de verdade, tamanha era a aproximação do experimento com a realidade. Logo em seguida, o mesmo impacto do realismo atraía filas diárias para assistir o filme.
A partir daí, a técnica de registrar imagens foi se aprimorando e formando outros gêneros diferentes, e o documentário passou a se distanciar da ficção para denominar o gênero que registra fatos históricos. Assim, o documentário ganha o status de "cinema verdade" pelo cineasta russo Dziga Vertov, que defendia que o olho da câmera era mais fiel que o olho humano e buscava a essência do real construído através de elementos cinematográficos.
Porém, mesmo com todas as particularidades do documentário, sua evolução permitiu algumas variações no seu formato. É bem possível tratar a "verdade" num documentário de forma partidária, a fim de que o espectador tenha a mesma visão de seus realizadores.
De forma sintética, analiso Fahrenheit 9/11 (Michael Moore, 2004). O filme aborda questões referentes ao ataque terrorista ao World Trade Center em 2001 e as transações políticas por trás do acontecimento. A direção, o roteiro e a produção são de Michael Moore, um cineasta documentarista conhecido por seu apoio a postura social democrata e sua crítica ácida sobre o governo de George W. Bush. Moore não poupou sua visão ideológica ao fazer o filme, fazendo com que o espectador absorva sua mensagem através de uma única linha de raciocínio - a oposição ao governo de George W. Bush. Em seguida, o espectador pode ou não se opor a visão do diretor, mas a mensagem é passada de forma claramente partidária com a intenção de induzir a reação ou opinião do espectador*.
Além da linguagem do filme documentário, cito outras características como tempo de produção e a busca dos elementos. O processo da preparação até a finalização requer bastante tempo a fim de que a equipe possa se dedicar de tal forma que conheça bem a história/ o fato que será contado. Obviamente, tempo aqui é uma consideração relativa, depende do roteiro antes de tudo, mas exige disponibilidade dos envolvidos no processo. A busca por elementos que se aproximem do real ou a busca pelos elementos reais também é um fator determinante para a produção de documentários.
Atualmente, existem muitos recursos audiovisuais que podem ser usados para contar uma história real: estrutura dramática, trajetóra de personagens, justaposição de imagens...
A produção de documentários ganha espaço por lançar um novo olhar sobre o real, podendo ser recriado de forma poética, fazendo com que ficção e realidade se encontrem num mesmo conceito.




*Minha análise sobre a visão de Michael Moore não tem a intenção de demonstrar nenhuma oposição. O termo "induzir" não está sendo usado de forma pejorativa, é apenas uma representação clara do intuito da mensagem.
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Abaixo o documentário feito para o cliente Jordão Morais. Trata-se de um vídeo corporativo com duração de 5' contando a história, a evolução e falando sobre os produtos e serviços da empresa. Sob os aspectos citados no texto acima, é possível identificar a linguagem que preza pela verdade, a busca pelos elementos reais utilizando os próprios colaboradores da empresa, a locação e os depoimentos. Sobre o tempo de produção, a equipe considera como tempo recorde, já que, devido as necessidades do cliente, a produção e a finalização do material deveriam acontecer em quatro dias úteis. Para conseguir entregar em tempo hábil, foram 14 horas de gravação e o restante do tempo dividido em busca e produção de elementos gráficos para atender o roteiro, edição e finalização do material.
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Cliente: Grupo Jordão Morais
Agência: Intertotal Comunicação
Direção de criação: Gustavo Almeida
Roteiro: Hélder França
RTVC: Natália Pimentel
Produtora de vídeo: Unic