quarta-feira, 4 de maio de 2011

Falando de orçamentos

A parte crítica do trabalho de um produtor é aquela em que ele tem que lidar com os aspectos burocráticos. E sem dúvidas, orçamentos - que envolvem negociações, pesquisas, comparações e afins, é a parte mais delicada.
Digo que o trabalho de um RTVC é um misto de coisas bastante diferentes mas que têm uma relação de interdependência. Ao mesmo tempo que um RTVC pensa artisticamente quando seleciona atores/modelos/figurantes, elementos de cena, trilha sonora e etc, também pensa nos custos que essas coisas podem implicar. Pois é, para ser um bom RTVC é preciso ser um bom administrador de verba e, sobretudo, um bom negociador.


São poucos os produtores de audiovisual que trabalham com orçamentos folgados. No geral, em se tratando de vídeo, cinema ou televisão, é preciso ter um bom jogo de cintura para fazer a coisa acontecer com os recursos que se tem.
Cada produtor tem seu método organizacional. Existem produtores que dividem o orçamento em pré-produção, produção e pós-produção, e existem os produtores que dividem em negociados antes do início da filmagem e custos fixos.
Para cinema, a coisa é mais detalhada. Desde produtores, diretores, roteiristas até a distribuição. Mas não vou mais a fundo nesse âmbito até porque minha experiência com cinema é praticamente zero. É mais precisamente sobre comerciais de TV que me atrevo a dar alguns pitacos.
Essencialmente, a prática leva ao aprimoramento. E aí você aprende que entra no orçamento até a água que a equipe vai beber. Sim, eu sou a favor do orçamento feito minuciosamente. Pois, quando o produtor pensa até nas impossibilidades, ele garante a si mesmo mais qualidade de vida, visto que não será pego pela desagradável surpresa de saber que, justamente na hora da gravação, falta um elemento de vital importância para o resultado final. Ao pegar um roteiro é importante pensar que nada existe em suas mãos e que você vai ter que conseguir. O como conseguir é que vai dar forma ao orçamento. Algumas coisas vão ser compradas, algumas coisas vão ser alugadas e outras vão ser cedidas ou podem ser conseguidas como empréstimo.
Existem sites que disponibilizam modelos de planilhas de orçamentos para serem preenchidas, mas como cada roteiro tem suas particularidades, é preciso, obviamente, fazer as devidas adaptações. Outra coisa importante é deixar a planilha de orçamento no caderno de produção com o roteiro e os contatos, para que se tenha tudo ao alcance num momento de necessidade. O que facilita bastante manter o controle.
Em suma, fazer orçamento pode ser a parte mais delicada, mas não é um bicho de 7 cabeças. É preciso destrinchar o roteiro, mentalmente mesmo, para que se possa ter uma visão detalhada ou o orçamento analítico, como é teoricamente chamado. Uma planilha de orçamento bem feita e bem pensada garante o bom desenvolvimento do trabalho e, consequentemente, a qualidade final do mesmo.

"Tudo é possível. Algumas coisas são impossíveis por razões orçamentárias, mas sempre há maneiras e acordos para tornar suas ideias realidade."
- Tom Sellitti




*Colaboração de Christian Pinheiro